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Ar Fresco

quarta-feira, setembro 21, 2005

"Partidocracias"

Nem de propósito, mas via Bloguítica deparei-me com este artigo de António Costa Pinto (ACS), no DN, onde o cronista põe em causa a figura "política" de António Borges, entre outras coisas, por ter falta de contacto com o povo, não gostar das partidocracias:

(...) Em vez do CV da Goldman Sachs, teria precisado de uns anos largos de poder local ou no Parlamento para que algum recrutador de direcções partidárias se lembrasse dele. Esta dimensão "partidocrática" não tem só coisas más, pois obriga os candidatos a contactar com "povo", fazer umas campanhas eleitorais, precisar dos caciques da "máquina partidária" e muitas coisas mais, que Borges dispensaria, mas que são o dia-a-dia da política. (...) [os negritos são meus]

O que me deixa mais chocado é quando ACS afirma que a partidocracia não tem só coisas más, descrevendo as coisas boas como sendo e passo a citar: precisar dos caciques da máquina partidária (...) que são o dia-a-dia da política.

Ou seja para ACS, não só faz falta a António Borges contacto com os cidadãos e com as lides da governação (seja parlamentar ou local), como também ele teria de alimentar as "pancadinhas nas costas" partidárias, bajular os "recrutadores de direcções", sujeitar-se e lamber as botas dos "caciques" partidários, para que se possa assumir como candidato à liderança do PSD.

Isto é, para se ser alguém em Portugal, na política, tem de se ir para as "jotinhas", bajular as pessoas certas, conseguir tachos para um qualquer cargo (local ou parlamentar) e depois, sim, com um pouco de contacto com o "povo" está-se apto a liderar um partido, ou quem sabe o País.

Obviamente que defendo que um primeiro-ministro dificilmente será capacitado para tal, sem antes ter tomado contacto com uma qualquer actividade política (parlamentar ou local). Mas o contrário, ou seja, ter uma experiência de vida totalmente centrada em cargos e carguinhos políticos, tendo contactado com os problemas do País, somente como político, e não como cidadão, empresário, trabalhador (ou outra qualquer parte activa da sociedade civil) coarcta qualquer visão e conhecimento - mais abrangentes - dos problemas que um verdadeiro político deveria ter.

Ora, hoje em dia, proliferam estes últimos: os políticos profissionais, nos quais esta experiência política, normalmente desde muito jovens, serve apenas para saber como melhor agradar aos seus colegas partidários de modo a chegarem rapidamente ao poder. O verdadeiro Assalto ao Poder não será feito pelos pseudo-puros/ingénuos, limpos das partidocracias, mas está e continuará a sê-lo pelos profissionais da política e foram estes que critiquei nos dois últimos posts, pois são estes que governo após governo se instalam no poder.

PS - Este texto não serve para fazer a apologia de António Borges, tão pouco tenho interesses sobre quem será líder do PSD, pois encontro-me mais à esquerda. O post (bem como os anteriores) serve apenas para clarificar que classe política eu pretenderia para o futuro.

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